Saturday, September 24, 2005

Friday, September 23, 2005

Holopoesia

O FUTURO DA ARTE É A LUZ (Henri Matisse)

A holografia, inventada em 1948 pelo húngaro Dennis Gabor é um sistema que armazena informações óticas (visuais e espaciais em 3 dimensões) criadas com raios laser. A palavra "holografia" provém do grego e significa "escrita total".
Herdeira da poesia experimental e visual, a holopoesia é feita de luz e habita um espaço imaterial, o vazio, permitindo uma sintaxe em movimento que se estrutura no espaço tridimensional e no tempo.
A holopoesia propõe poemas baseados na palavra, o que significa, de fato, a renúncia ao discurso, quando as palavras podem se decompor e recompor, mudar de significado, transformar-se em outras, desintegrar-se e desaparecer no vazio, explorando a noção de descontinuidade e sob múltiplos pontos de vista provocar uma oscilação verbal perpétua uma vez que o holopoema modifica quando o leitor/observador se move em relação a ele.
Pioneiros na criação de holopoemas, os artistas Eduardo Kac e Fernando Catta-Pretta iniciaram em 1983 o desenvolvimento de uma nova literatura explorando as possibilidades da luz como suporte. Em 1985, Kac realiza a primeira exposição internacional de holopoesia no Museu da Imagem e do Som de São Paulo com quatro poemas holográficos. A partir daí, Kac desenvolveu vários outros poemas no Brasil e posteriormente nos Estados Unidos como artista residente do Museu da Holografia de Nova York e em Chicago. Eduardo Kac adotou a tecnologia e a ciência como forma de criação artística, desenvolvendo curiosos, polêmicos e impactantes trabalhos de telepresença, biotelemática, biorobótica, arte transgênica, além dos holopoemas.
Saiba mais: www.ekac.org/kac2.html
www.holonet.khm.de/jross/

Sunday, September 18, 2005

Interatividade

Em 1962, Umberto Eco publica o livro "Obra Aberta", no qual faz reflexões sobre os trabalhos artísticos que ele chamou de "obras em movimento".
Disse Eco: "As novas obras não constituem uma mensagem fechada ou definitiva, nem uma forma organizada univocamente, e sim em possibilidades de várias organizações que dependem da iniciativa do intérprete, e não se apresentam como obras acabadas que buscam ser compreendidas dentro de uma estrutura dada, e sim como obras abertas". "A obra aberta é uma obra que, cada vez que se desfruta, não resulta igual a si mesma, e sim similar... cada execução da obra não coincide com uma definição última de si mesma".
A interatividade é a capacidade que os novos meios têm de envolver diretamente o espectador dentro da obra, a fusão de realidade e ficção que é fruto das capacidades combinadas de produção e reprodução do computador, a fusão de arte e ciência, que de forma natural ocorre em toda obra artística criada com meios tecnológicos, e a capacidade relacional, que consiste na possibilidade que os novos meios têm para criar peças cuja importância já não reside em um objeto isolado, e sim nas relações que existem entre sistemas de objetos, entre a peça e o espectador, ou entre a peça e o entorno.
Pode-se chamar interatividade o ato de olhar uma pintura?
Sob um ponto de vista puramente cognitivo, alguns psicólogos e teóricos nos diriam que sim; que todos nós, ao olhar, construímos a realidade que nos rodeia, baseados em um substrato cultural e em experiências prévias armazenadas em nosso cérebro. Desta forma, ao olharmos uma pintura a estaríamos construindo, e poderíamos dizer que ela não existiria sem a ação direta de nosso olhar. Por sua vez, a pintura ao ser olhada nos estaria entregando formas cuja interpretação desencadeia uma realimentação do processo do olhar: quanto mais olhamos, mais percebemos e, portanto mais criamos.
Mas isso sucede a um nível puramente interno. Podemos dizer que, formalmente, não existe uma interação. As pinturas não reagem fisicamente a nossas ações ou impulsos, nem têm comportamentos que nos façam atuar sobre elas. A interação é um intercâmbio de impulsos perceptível e mútuo.
As obras abertas contrastam com a obra fechada e unívoca do artista medieval, que refletia uma concepção do cosmos como hierarquia de ordens claras e pré-fixadas. Em nossa época, ao derrubar-se as certezas absolutas e as verdades inquestionáveis, se derruba também a estrutura estritamente linear da obra de arte, para dar lugar a uma fragmentação, a uma multilinearidade e à inclusão de múltiplas vozes e leituras.

Parte do texto de autoria de Eugenio Tisseli Véllez no Seminário "Interactividad e Interfaces Físicas" (ESDI - Escola Superior de Disseny - Barcelona - España)

Saturday, September 10, 2005

Poesia Experimental

O poema experimental é um produto (anti) literário que se vale de recursos (tipo) gráficos e/ou puramente visuais, de tendências caligramáticas, ideogramáticas, geométricas ou abstratas... um dos caminhos mais fecundos da experimentação artística cuja ênfase gráfico-visual não exclui outras possibilidades literárias (verbais, sonoras, etc.) no campo específico da vanguarda. (Moacy Cirne)
Poesia experimental é a denominação de um grande conjunto de obras derivadas da literatura tradicional, entre as quais se encontra a Poesia Visual. A Poesia Visual, tal como a entendemos hoje, teve sua origem na poética do Futurismo, imbuídas do espírito do Dadaísmo.
De Mallarmé ao Modernismo - do Modernismo à poesia de vanguarda, novos caminhos se revelam em busca de uma nova sintaxe visual. Libertada, a palavra, da página, do verso e das amarras da bidimensionalidade, a poesia encontra no ambiente virtual o caminho do movimento e da tridimensionalidade. E, mais além, encontra no holograma - que articula o poema a partir de volumes invisíveis - uma nova sintaxe perceptual, que nas palavras de Eduardo Kac, estabelecem novos princípios para o artista: o domínio total da luz, a focalização no espaço, a imaterialidade da imagem, a neutralização da gravidade e a superação da perspectiva.

Wednesday, September 07, 2005















in-stant - 2004 - (hand made paper - cotton)

O Ponto

Rigorosamente o ponto não tem dimensão.
Podemos definir o ponto por uma afirmação: "o ponto é a menor parte do espaço"; ou por uma negação: "o que não tem partes".
O ponto como centro contém todo o Universo, não sendo ele, apenas um elemento, mas um todo que pode subsistir por si só, e que ao mesmo tempo é um múltiplo.
A unidade é algo que não se separa; existe sempre como centro, e sua peculiaridade consiste que, aparentemente dividida, mantém sempre o mesmo centro.
O vocábulo Universo, "um em diversos", deve ser compreendido como "diversos em um", para assim, entender-se que a unidade é formada por diversos elementos e não que vários elementos passam a englobar-se e formem a unidade. O Universo não é um conjunto de todas as coisas, mas sim uma unidade onde existem todas as coisas. O Universo não explode criando uma multiplicidade autônoma de elementos. Cada elemento isolado contém a própria unidade, assim vamos encontrar dentro de uma célula ou dentro de um pensamento, todo o sistema cósmico.
O ponto é o próprio SER, a essência e a substância de todas as coisas.
O ponto é o menor instante universal.
Sob o princípio atomista, a existência (isto é, a origem e a dissolução) de todas as coisas é momentânea. (Khamika,Vis.I,230,239; Dpvs.I,16)
Este in-stant e (Khana) no qual todas as coisa surgem, existem e cessam de ser simultâneamente, é este presente sem duração que separa o passado do futuro e dá a ambos uma significação. O tempo, no seio do qual sobrevém a mutação, não é nada mais que a sucessão ou fluxo de instantes análogos, cada um dos quais sendo em si fora do tempo é nosso caminho do meio (A,IV,137). O tempo implica o movimento, o movimento, a mudança de lugar; em outros termos a duração traz consigo a mutação, o porvir.

Imagens Prínceps

Para encontrar no mundo de sensações e de signos em que vivemos e pensamos as imagens primordiais, as imagens prínceps, aquelas que explicam, juntos, o universo e o homem, é preciso, em cada objeto, reavivar algumas primitivas ambivalências, aumentar mais a monstruosidade das surpresas, é preciso aproximar, até que elas se toquem, a mentira e a verdade. Ver com olhos novos ainda seria aceitar a escravidão de um espetáculo. Há uma vontade maior: aquela de ver antes da visão, aquela de animar toda a alma com uma vontade de ver.
(Gaston Bachelard in A Terra e os Devaneios da Vontade)

Mail art

Quando no início dos anos 6o o novaiorquino Ray Johnson, artista conceitualista do movimento Fluxus Art enviou aos seus amigos, pelo correio, pedaços de suas obras por terminar, para fazê-los participar da criação, talvez não pudesse imaginar que estaria dando o primeiro passo para a criação de uma prática artística que se tornaria um fenômeno mundial complexo e multidirecional.
A Mail art ou Networking como é chamada hoje, é uma forma de expressão fundamentalmente conceitual, experimental e vanguardista que emprega códigos verbais, plásticos, fotográficos, publicitários, cibernéticos, etc. e se baseia na liberdade de intercâmbio de meios e formas: colagens, quadros, fotos, poemas visuais, poemas verbais, CDROMs, vídeos, postais, fotocópias, objetos, enfim, tudo o que possa ser enviado pelo correio.
De caráter essencialmente democrático, libertário e iconoclasta, a Mail art reage contra as porcentagens de galeristas e marchands, se posicionando como um produto de comunicação, e não uma mercadoria. Assim sendo, as obras não são comercializadas e normalmente são doadas a museus e instituições culturais. Além disso, não existe seleção, competição, prêmio ou censura. Todos podem participar.
Não obstante sua independência e insubordinação, praticamente quase todas as bienais e eventos culturais reconhecidos realizam seu Salão de Arte Postal, fato que consolida cada vez mais a Mail art como uma importante expressão artística.

Friday, September 02, 2005

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