Interatividade
Em 1962, Umberto Eco publica o livro "Obra Aberta", no qual faz reflexões sobre os trabalhos artísticos que ele chamou de "obras em movimento".
Disse Eco: "As novas obras não constituem uma mensagem fechada ou definitiva, nem uma forma organizada univocamente, e sim em possibilidades de várias organizações que dependem da iniciativa do intérprete, e não se apresentam como obras acabadas que buscam ser compreendidas dentro de uma estrutura dada, e sim como obras abertas". "A obra aberta é uma obra que, cada vez que se desfruta, não resulta igual a si mesma, e sim similar... cada execução da obra não coincide com uma definição última de si mesma".
A interatividade é a capacidade que os novos meios têm de envolver diretamente o espectador dentro da obra, a fusão de realidade e ficção que é fruto das capacidades combinadas de produção e reprodução do computador, a fusão de arte e ciência, que de forma natural ocorre em toda obra artística criada com meios tecnológicos, e a capacidade relacional, que consiste na possibilidade que os novos meios têm para criar peças cuja importância já não reside em um objeto isolado, e sim nas relações que existem entre sistemas de objetos, entre a peça e o espectador, ou entre a peça e o entorno.
Pode-se chamar interatividade o ato de olhar uma pintura?
Sob um ponto de vista puramente cognitivo, alguns psicólogos e teóricos nos diriam que sim; que todos nós, ao olhar, construímos a realidade que nos rodeia, baseados em um substrato cultural e em experiências prévias armazenadas em nosso cérebro. Desta forma, ao olharmos uma pintura a estaríamos construindo, e poderíamos dizer que ela não existiria sem a ação direta de nosso olhar. Por sua vez, a pintura ao ser olhada nos estaria entregando formas cuja interpretação desencadeia uma realimentação do processo do olhar: quanto mais olhamos, mais percebemos e, portanto mais criamos.
Mas isso sucede a um nível puramente interno. Podemos dizer que, formalmente, não existe uma interação. As pinturas não reagem fisicamente a nossas ações ou impulsos, nem têm comportamentos que nos façam atuar sobre elas. A interação é um intercâmbio de impulsos perceptível e mútuo.
As obras abertas contrastam com a obra fechada e unívoca do artista medieval, que refletia uma concepção do cosmos como hierarquia de ordens claras e pré-fixadas. Em nossa época, ao derrubar-se as certezas absolutas e as verdades inquestionáveis, se derruba também a estrutura estritamente linear da obra de arte, para dar lugar a uma fragmentação, a uma multilinearidade e à inclusão de múltiplas vozes e leituras.
Parte do texto de autoria de Eugenio Tisseli Véllez no Seminário "Interactividad e Interfaces Físicas" (ESDI - Escola Superior de Disseny - Barcelona - España)
Disse Eco: "As novas obras não constituem uma mensagem fechada ou definitiva, nem uma forma organizada univocamente, e sim em possibilidades de várias organizações que dependem da iniciativa do intérprete, e não se apresentam como obras acabadas que buscam ser compreendidas dentro de uma estrutura dada, e sim como obras abertas". "A obra aberta é uma obra que, cada vez que se desfruta, não resulta igual a si mesma, e sim similar... cada execução da obra não coincide com uma definição última de si mesma".
A interatividade é a capacidade que os novos meios têm de envolver diretamente o espectador dentro da obra, a fusão de realidade e ficção que é fruto das capacidades combinadas de produção e reprodução do computador, a fusão de arte e ciência, que de forma natural ocorre em toda obra artística criada com meios tecnológicos, e a capacidade relacional, que consiste na possibilidade que os novos meios têm para criar peças cuja importância já não reside em um objeto isolado, e sim nas relações que existem entre sistemas de objetos, entre a peça e o espectador, ou entre a peça e o entorno.
Pode-se chamar interatividade o ato de olhar uma pintura?
Sob um ponto de vista puramente cognitivo, alguns psicólogos e teóricos nos diriam que sim; que todos nós, ao olhar, construímos a realidade que nos rodeia, baseados em um substrato cultural e em experiências prévias armazenadas em nosso cérebro. Desta forma, ao olharmos uma pintura a estaríamos construindo, e poderíamos dizer que ela não existiria sem a ação direta de nosso olhar. Por sua vez, a pintura ao ser olhada nos estaria entregando formas cuja interpretação desencadeia uma realimentação do processo do olhar: quanto mais olhamos, mais percebemos e, portanto mais criamos.
Mas isso sucede a um nível puramente interno. Podemos dizer que, formalmente, não existe uma interação. As pinturas não reagem fisicamente a nossas ações ou impulsos, nem têm comportamentos que nos façam atuar sobre elas. A interação é um intercâmbio de impulsos perceptível e mútuo.
As obras abertas contrastam com a obra fechada e unívoca do artista medieval, que refletia uma concepção do cosmos como hierarquia de ordens claras e pré-fixadas. Em nossa época, ao derrubar-se as certezas absolutas e as verdades inquestionáveis, se derruba também a estrutura estritamente linear da obra de arte, para dar lugar a uma fragmentação, a uma multilinearidade e à inclusão de múltiplas vozes e leituras.
Parte do texto de autoria de Eugenio Tisseli Véllez no Seminário "Interactividad e Interfaces Físicas" (ESDI - Escola Superior de Disseny - Barcelona - España)
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